Professores de Ortodontia são frequentemente confrontadas com perguntas ‘capciosas’, em que o interlocutor só

busca saber se o/a professor (a) comunga de sua visão. Dentre as perguntas mais comuns está: “Você ensina

tratamento precoce aos seus alunos?” Por experiência, sei que se a resposta vai de encontro à visão do

interlocutor, uma conversa de grande acordo se segue, e que se a resposta não vai de encontro à sua visão, uma

conversa de grande divergência se seguirá, de modo que prefiro responder não da maneira esperada, mas

estimulando o raciocínio. Minha resposta poderia ser “Sim, ensinamos tratamento precoce e tratamento tardio e

também tratamento muito precoce e muito tardio. Também realizamos tratamento de uma fase, duas fases, três,

quatro, cinco, seis, sete, oito, até nove fases de tratamento... ou mais, se preciso for.”

Claro, esta resposta é muito desconcertante e eu sou solicitado a explicar o que quero dizer - o que fico feliz em

fazê-lo. Para fornecer suporte à minha resposta, forneço vários exemplos. Um deles, falo sobre um estudo que foi

realizado há muito tempo por um ex-aluno de pós-graduação chamado Greg Dyer 1 . Ele estudou duas amostras

tratadas, uma de meninas adolescentes e outra semelhante de mulheres adultas e comparou os resultados dos

tratamentos realizados. Uma informação importante foi obtida, no grupo de adolescentes, ele encontrou que o

crescimento forneceu 70% da correção (i.e. a mandíbula superou a maxila) enquanto apenas 30% foi devido ao

movimento dos dentes. Na amostra adulta, o crescimento foi nulo, ou em alguns casos a maxila superou a

mandíbula e a quantidade de movimento dentário que foi necessário para corrigir a má oclusão foi de 119% - isto é,

o ortodontista teve que fazer todo o trabalho, e ainda mais, para compensar o crescimento deficitário, a fim de

corrigir o problema. Para mim, esta é uma ampla evidência de que é melhor tratar precocemente (como

adolescente) em oposição à tardiamente (como adulto) nesta situação em particular. Este exemplo aponta para o

significado da minha resposta à pergunta colocada anteriormente. Não é se eu sou tendencioso para acreditar

apenas no tratamento precoce ou apenas no tratamento tardio como uma escolha única que deve ser feita, mas sim

que a questão só pode ser respondida no contexto da situação que é apresentada. Neste exemplo, minha resposta

seria tratar precocemente (neste caso, adolescência) quando você é confrontado com uma adolescente de Classe

II; não espere até que se tornem adultas.

No caso do tratamento realizado em múltiplas fases, novamente é o contexto da situação do paciente que

determina o que fazer. Há uma abundância de pesquisas e experiências clínicas disponíveis que sugerem que um

paciente com fenda palatina é melhor tratado precocemente e muitas vezes ao longo de muitos anos, de acordo

com os muitos tipos de tratamentos que estão dispostos em muitas fases. Há também perguntas sobre quantas

fases de tratamento devem estar envolvidas em um caso de cirurgia ortognática. Então, o ponto que eu estou

tentando discutir é que pouco importa se um ortodontista “acredita” no tratamento precoce ou não, e faz pouca

diferença se ele “acredita” em tratamentos monofásicos ou em algum outro número de fases. O que realmente

importa é que o ortodontista avalie a condição que o paciente apresenta e, em seguida, aplique a melhor evidência

disponível para a situação ao decidir, se, quando e como, o tratamento deve ser executado. Acreditar de outra

forma sugere que o profissional possa decidir a abordagem antes mesmo de ver o paciente. Mas, adotar uma

abordagem pré-fabricada raramente é a melhor opção, porque os pacientes são todos individualizados.

O que se segue nas páginas a serem apresentadas é uma informação combinada (algumas antigas, mas a

maioria novas) sobre genética, crescimento normal e anormal do esqueleto craniofacial e desenvolvimento da

oclusão. Essas informações servirão de base para a compreensão e a determinação do momento do tratamento.

Você também encontrará informações importantes sobre a construção de um diagnóstico, plano de tratamento e

estimativa do prognóstico, todos com base em registros diagnósticos disponíveis produzidos por tecnologias antigas

e novas. Todos os três tipos de classes de má oclusão de Angle serão considerados em termos de

desenvolvimento, etiologia e tratamento; esse é o recheio desse livro. Finalmente, serão fornecidas informações

sobre certos tópicos de destaque, como a biomecânica, e o que pode ser considerado “temas órfãos”, incluindo

problemas relacionados à irrupção, função, estética, ausência congênita de dentes, autotransplante e hábitos.

Então, em que aspectos esse livro é diferente dos livros anteriores sobre o tema do tratamento ortodôntico

precoce e preventivo? Considerando os comentários feitos anteriormente neste prefácio, este livro é baseado em

evidências disponíveis, não em tendência, paixão ou fé; ele pretende fazer você pensar e depois aplicar o que está

comprovado.

Este livro também é diferente no fato de que os autores são muito experientes cada um em suas próprias áreas,

e cada um é conhecedor do valor da ciência atual e do conhecimento que a ciência gera. Aqueles leitores que estão

abertos ao desenvolvimento de novas informações e novas ideias devem aproveitar e abraçar o conhecimento e a

orientação aqui contidos. Para aqueles que são muito tendenciosos em seus pensamentos e ações, não tenha

medo de ler este livro; ele abrirá sua mente e ajudará você a ajustar seus pensamentos e ações de forma positiva.

Tenha uma boa leitura; eu penso que você vai achar que vale a pena o esforço em termos de pensamento e, em

seguida, ações fundamentadas que serão benéficas para seus pacientes.

Sumário:

 

Prefácio à edição brasileira IX

1 Um guia para o momento adequado

do tratamento ortodôntico 1

Eustáquio Araújo e Bernardo Q. Souki

2 Evolução da oclusão: o que fazer e

quando fazer 8

Bernardo Q. Souki

3 Diagnóstico da dentadura mista:

quantificando o grau de severidade da má oclusão em desenvolvimento 22

Eustáquio A. Araújo e Peter H. Buschang

4 A genética da oclusão dentária e a má oclusão 29

Robyn Silberstein

5 Classe I: Reconhecendo e corrigindo desvios intra-arcada

SEÇÃO I: O desenvolvimento e etiologia da má oclusão de Classe I 42

Peter H. Buschang

SEÇÃO II: Interceptando problemas de Classe I em desenvolvimento 54

Eustáquio Araújo

6 Reconhecendo e corrigindo a má oclusão de Classe II

SEÇÃO I: O desenvolvimento, características fenotípicas e etiologia da má oclusão de Classe II 90

Peter H. Buschang

SEÇÃO II: Tratamento da Classe II: Problemas e soluções 108

Eustáquio Araújo

7 Reconhecendo e corrigindo a má oclusão de Classe III

SEÇÃO I: O desenvolvimento, características fenotípicas e etiologia da

má oclusão de Classe III 137

Peter H. Buschang

SEÇÃO II: Tratamento da Classe III:

Problemas e soluções 151

Eustáquio Araújo

8 Tópicos especiais

SEÇÃO I: Controle do hábito: o papel da função no tratamento da mordida aberta 189

Ildeu Andrade Jr. e Eustáquio Araújo

SEÇÃO II: Desvios de irrupção 200

Bernardo Q. Souki e Eustáquio Araújo

SEÇÃO III: Estratégias para gerenciamento de segundos pré-molares ausentes em pacientes jovens 211

David B. Kennedy

SEÇÃO IV: Princípios e técnicas de autotransplante de pré-molar 227

Ewa Monika Czochrowska e Pawel Plakwicz

SEÇÃO V: Mecânica ortodôntica na dentadura mista 235

Gerald S. Samson

Índice remissivo 247

 

476 páginas

Tamanho: 22,5 cm x 27cm

Assunto: Odontologia

Edição: 1º edição

Ano: 2017

Reconhecendo E Corrigindo Más Oclusões Em Desenvolvimento - Eustáquio A. Araújo E Peter H. Buschang

R$346,00 R$280,00
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Professores de Ortodontia são frequentemente confrontadas com perguntas ‘capciosas’, em que o interlocutor só

busca saber se o/a professor (a) comunga de sua visão. Dentre as perguntas mais comuns está: “Você ensina

tratamento precoce aos seus alunos?” Por experiência, sei que se a resposta vai de encontro à visão do

interlocutor, uma conversa de grande acordo se segue, e que se a resposta não vai de encontro à sua visão, uma

conversa de grande divergência se seguirá, de modo que prefiro responder não da maneira esperada, mas

estimulando o raciocínio. Minha resposta poderia ser “Sim, ensinamos tratamento precoce e tratamento tardio e

também tratamento muito precoce e muito tardio. Também realizamos tratamento de uma fase, duas fases, três,

quatro, cinco, seis, sete, oito, até nove fases de tratamento... ou mais, se preciso for.”

Claro, esta resposta é muito desconcertante e eu sou solicitado a explicar o que quero dizer - o que fico feliz em

fazê-lo. Para fornecer suporte à minha resposta, forneço vários exemplos. Um deles, falo sobre um estudo que foi

realizado há muito tempo por um ex-aluno de pós-graduação chamado Greg Dyer 1 . Ele estudou duas amostras

tratadas, uma de meninas adolescentes e outra semelhante de mulheres adultas e comparou os resultados dos

tratamentos realizados. Uma informação importante foi obtida, no grupo de adolescentes, ele encontrou que o

crescimento forneceu 70% da correção (i.e. a mandíbula superou a maxila) enquanto apenas 30% foi devido ao

movimento dos dentes. Na amostra adulta, o crescimento foi nulo, ou em alguns casos a maxila superou a

mandíbula e a quantidade de movimento dentário que foi necessário para corrigir a má oclusão foi de 119% - isto é,

o ortodontista teve que fazer todo o trabalho, e ainda mais, para compensar o crescimento deficitário, a fim de

corrigir o problema. Para mim, esta é uma ampla evidência de que é melhor tratar precocemente (como

adolescente) em oposição à tardiamente (como adulto) nesta situação em particular. Este exemplo aponta para o

significado da minha resposta à pergunta colocada anteriormente. Não é se eu sou tendencioso para acreditar

apenas no tratamento precoce ou apenas no tratamento tardio como uma escolha única que deve ser feita, mas sim

que a questão só pode ser respondida no contexto da situação que é apresentada. Neste exemplo, minha resposta

seria tratar precocemente (neste caso, adolescência) quando você é confrontado com uma adolescente de Classe

II; não espere até que se tornem adultas.

No caso do tratamento realizado em múltiplas fases, novamente é o contexto da situação do paciente que

determina o que fazer. Há uma abundância de pesquisas e experiências clínicas disponíveis que sugerem que um

paciente com fenda palatina é melhor tratado precocemente e muitas vezes ao longo de muitos anos, de acordo

com os muitos tipos de tratamentos que estão dispostos em muitas fases. Há também perguntas sobre quantas

fases de tratamento devem estar envolvidas em um caso de cirurgia ortognática. Então, o ponto que eu estou

tentando discutir é que pouco importa se um ortodontista “acredita” no tratamento precoce ou não, e faz pouca

diferença se ele “acredita” em tratamentos monofásicos ou em algum outro número de fases. O que realmente

importa é que o ortodontista avalie a condição que o paciente apresenta e, em seguida, aplique a melhor evidência

disponível para a situação ao decidir, se, quando e como, o tratamento deve ser executado. Acreditar de outra

forma sugere que o profissional possa decidir a abordagem antes mesmo de ver o paciente. Mas, adotar uma

abordagem pré-fabricada raramente é a melhor opção, porque os pacientes são todos individualizados.

O que se segue nas páginas a serem apresentadas é uma informação combinada (algumas antigas, mas a

maioria novas) sobre genética, crescimento normal e anormal do esqueleto craniofacial e desenvolvimento da

oclusão. Essas informações servirão de base para a compreensão e a determinação do momento do tratamento.

Você também encontrará informações importantes sobre a construção de um diagnóstico, plano de tratamento e

estimativa do prognóstico, todos com base em registros diagnósticos disponíveis produzidos por tecnologias antigas

e novas. Todos os três tipos de classes de má oclusão de Angle serão considerados em termos de

desenvolvimento, etiologia e tratamento; esse é o recheio desse livro. Finalmente, serão fornecidas informações

sobre certos tópicos de destaque, como a biomecânica, e o que pode ser considerado “temas órfãos”, incluindo

problemas relacionados à irrupção, função, estética, ausência congênita de dentes, autotransplante e hábitos.

Então, em que aspectos esse livro é diferente dos livros anteriores sobre o tema do tratamento ortodôntico

precoce e preventivo? Considerando os comentários feitos anteriormente neste prefácio, este livro é baseado em

evidências disponíveis, não em tendência, paixão ou fé; ele pretende fazer você pensar e depois aplicar o que está

comprovado.

Este livro também é diferente no fato de que os autores são muito experientes cada um em suas próprias áreas,

e cada um é conhecedor do valor da ciência atual e do conhecimento que a ciência gera. Aqueles leitores que estão

abertos ao desenvolvimento de novas informações e novas ideias devem aproveitar e abraçar o conhecimento e a

orientação aqui contidos. Para aqueles que são muito tendenciosos em seus pensamentos e ações, não tenha

medo de ler este livro; ele abrirá sua mente e ajudará você a ajustar seus pensamentos e ações de forma positiva.

Tenha uma boa leitura; eu penso que você vai achar que vale a pena o esforço em termos de pensamento e, em

seguida, ações fundamentadas que serão benéficas para seus pacientes.

Sumário:

 

Prefácio à edição brasileira IX

1 Um guia para o momento adequado

do tratamento ortodôntico 1

Eustáquio Araújo e Bernardo Q. Souki

2 Evolução da oclusão: o que fazer e

quando fazer 8

Bernardo Q. Souki

3 Diagnóstico da dentadura mista:

quantificando o grau de severidade da má oclusão em desenvolvimento 22

Eustáquio A. Araújo e Peter H. Buschang

4 A genética da oclusão dentária e a má oclusão 29

Robyn Silberstein

5 Classe I: Reconhecendo e corrigindo desvios intra-arcada

SEÇÃO I: O desenvolvimento e etiologia da má oclusão de Classe I 42

Peter H. Buschang

SEÇÃO II: Interceptando problemas de Classe I em desenvolvimento 54

Eustáquio Araújo

6 Reconhecendo e corrigindo a má oclusão de Classe II

SEÇÃO I: O desenvolvimento, características fenotípicas e etiologia da má oclusão de Classe II 90

Peter H. Buschang

SEÇÃO II: Tratamento da Classe II: Problemas e soluções 108

Eustáquio Araújo

7 Reconhecendo e corrigindo a má oclusão de Classe III

SEÇÃO I: O desenvolvimento, características fenotípicas e etiologia da

má oclusão de Classe III 137

Peter H. Buschang

SEÇÃO II: Tratamento da Classe III:

Problemas e soluções 151

Eustáquio Araújo

8 Tópicos especiais

SEÇÃO I: Controle do hábito: o papel da função no tratamento da mordida aberta 189

Ildeu Andrade Jr. e Eustáquio Araújo

SEÇÃO II: Desvios de irrupção 200

Bernardo Q. Souki e Eustáquio Araújo

SEÇÃO III: Estratégias para gerenciamento de segundos pré-molares ausentes em pacientes jovens 211

David B. Kennedy

SEÇÃO IV: Princípios e técnicas de autotransplante de pré-molar 227

Ewa Monika Czochrowska e Pawel Plakwicz

SEÇÃO V: Mecânica ortodôntica na dentadura mista 235

Gerald S. Samson

Índice remissivo 247

 

476 páginas

Tamanho: 22,5 cm x 27cm

Assunto: Odontologia

Edição: 1º edição

Ano: 2017